Nos embarques, Brasil tem tirado um pouco do foco da Europa para onde historicamente o setor exporta mais de 70% do que enviado para fora.
O ano de 2024 foi marcado por desafios logísticos significativos para a fruticultura brasileira, mas o setor segue otimista com a expectativa de crescimento nas exportações para 2025.
Segundo Eduardo Brandão, diretor-executivo da Abrafrutas, em entrevista exclusiva ao Agrofy News, problemas relacionados à logística marítima e à infraestrutura dos portos e aeroportos impactaram as operações ao longo do ano.
Entre as principais dificuldades, destacaram-se as interrupções em algumas linhas marítimas, que deixaram de atender determinados portos por questões operacionais. Com cerca de 90% das exportações de frutas brasileiras realizadas pelo modal marítimo, essas interrupções comprometeram o envio de produtos ao mercado internacional.
Além disso, o déficit de fiscais federais agropecuários nos portos dificultou a emissão de documentos fitossanitários, essenciais para a exportação.
“Outro desafio que a gente pode citar é a estruturação dos portos e aeroportos, que também estão vinculados às questões de logística. Estamos com dificuldade, inclusive, de pessoal humano. O Ministério da Agricultura fez recentemente o concurso, mas esses concursados ainda não foram efetivados. A gente está com déficit significativo de fiscais federais agropecuários”, explicou Brandão.
A produção nacional de frutas deve fechar o ano entre 42 e 43 milhões de toneladas, enquanto as exportações, de janeiro a novembro, apresentaram um desempenho satisfatório em termos de valor, apesar de uma leve queda no volume devido a problemas climáticos.
O câmbio favorável no final do ano contribuiu para compensar algumas perdas e deve resultar em um fechamento de 2024 com valores exportados próximos ou superiores aos de 2023.
“Os embarques foram positivos pelo valor, mas um pouco negativos no volume devido a problemas pontuais climáticos. De uma forma geral, o balanço tem sido positivo, e a gente espera fechar este ano com o mesmo valor exportado no ano passado, talvez até um pouco maior, especialmente por conta desses últimos meses em que o câmbio tem sido bem favorável”, afirmou.
Para 2025, a perspectiva é de crescimento nas exportações, com uma projeção de aumento entre 5% e 8%, segundo Brandão.
Essa previsão otimista baseia-se na abertura de novos mercados internacionais, incluindo a exportação de uvas para a China, avocado para o Japão e Chile, além de limão e avocado para a Índia.
“A diversificação geográfica das exportações, antes concentradas na Europa, é uma estratégia-chave para o setor, que busca ampliar sua presença na Ásia, onde o consumo está em expansão”, explicou o diretor.
Segundo ele, o Brasil tem reduzido o foco na Europa, para onde historicamente exporta mais de 70% dos produtos, buscando maior penetração na Ásia. “Essa busca pode trazer resultados importantes, considerando o crescimento do consumo em países como China, Índia e Coreia do Sul”, disse Brandão.
Contudo, ele destacou que os mercados asiáticos ainda apresentam desafios logísticos, como a distância e a perecibilidade dos produtos. Para superar essas barreiras, o setor continuará investindo em estratégias que garantam a qualidade das frutas brasileiras, reconhecidas mundialmente.
“Esperamos que, em janeiro ou fevereiro, possamos oficializar a abertura do mercado da Índia, que é extremamente interessante para nós, considerando o alto consumo da população. A entrada do limão e do avocado na Índia será um marco, assim como outros mercados que estão sendo trabalhados”, afirmou Brandão.
Outro destaque para 2025 é o avanço no projeto de certificação ESG (Ambiental, Social e Governança) liderado pela Abrafrutas. Com essa iniciativa, os produtores esperam consolidar a imagem de sustentabilidade das frutas brasileiras, fortalecendo sua competitividade no mercado global.
Apesar dos desafios enfrentados em 2024, a fruticultura brasileira se mantém resiliente, com metas claras de crescimento e diversificação para os próximos anos. O setor confia na capacidade de superar barreiras logísticas e climáticas, impulsionando as exportações e consolidando sua posição no mercado internacional.
FONTE: AGROFY NEWS-