Autores: Leonardo Zampieri, Analista de Comunicação e Marketing da AgroBee; Diego de Oliveira, Coordenador Científico em Culturas Agrícolas da AgroBee.
Foto: Embrapa
Na vastidão das planícies agrícolas, surge um exemplo inspirador de como a sustentabilidade e a inovação estão transformando a produção de café. Em parceria com a AgroBee, pioneira na aplicação da polinização assistida no Brasil, fazendas estão redefinindo os paradigmas da agricultura, promovendo uma produção que não apenas respeita a natureza, mas também a abraça como aliada.
São apresentados, a seguir, três produtores comprometidos com a sustentabilidade, adotando novas formas de abordagem holística para um cultivo ecologicamente responsável e socialmente justo. Essa parceria dos produtores com a implementação de práticas orgânicas abre um vasto campo de práticas sustentáveis, como o uso da aplicação da polinização assistida da Agrobee, que tem impacto positivo, proporcionando uso mínimo de pesticidas químicos e adubos sintéticos, consequentemente promovendo a saúde do solo e da biodiversidade local.
Produz café há mais de 30 anos, representando a quarta geração na família de cafeicultores. Foi vice-presidente da EXPOCACCER nas últimas duas gestões, uma das principais associações de cafeicultores do país. É reconhecido por sua dedicação e seu comprometimento com a produção sustentável de café. Utiliza técnicas agroecológicas e práticas regenerativas, como a produção de adubo orgânico a partir do próprio resíduo da lavoura e a rotação de culturas, para garantir uma produção saudável e sustentável. O vídeo abaixo mostra a instalação das colmeias na propriedade.
Popularmente conhecida como Ucha, Carmem trocou a Psicologia e o Rio de Janeiro, em 2006, pelas fazendas da família no Sul de Minas Gerais. Rememorando os tempos de infância, voltou ao dia a dia rural e encampou, ao lado dos irmãos, o desafio da sucessão familiar no campo. Foi buscar conhecimento e capacitação, em temas como gestão em cafeicultura e prova de café, para si e seus colaboradores. O investimento na produção de cafés especiais foi um marco na gestão de Ucha à frente das fazendas Caxambu e Aracaçu, em Três Pontas (MG). Em cerca de 12 anos, a fatia de especiais produzidos nas propriedades subiu de 2% para 85%. Ela fornece para a illycaffè há mais de 10 anos consecutivos, sendo portanto sócia Platinum do Clube illy. Para conhecer melhor o mercado internacional, Carmem associou-se à BSCA (sigla em inglês para Associação Brasileira de Cafés Especiais), que promove o produto do Brasil no mundo. Em 2015, entrou para o conselho diretor da entidade, na qual se tornou a primeira mulher a assumir a presidência (para o período 2017/2019).
A instalação de colmeias na propriedade de Ucha é documentada no vídeo a seguir.
Arquiteta e urbanista de formação, com mestrado em arquitetura sustentável pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, assumiu o cultivo do café na fazenda da família há alguns anos e foi recentemente campeã do concurso de cafés especiais da Cooperativa Agropecuária do Vale do Sapucaí (COOPERVASS).
A AgroBee se une ao produtor em busca de uma produção mais eficiente e amigável ao ecossistema. A polinização assistida, atuando como um bioinsumo poderoso, tem impacto positivo na produtividade das lavouras, como as do café.
A principal variedade de café cultivada no País é a arábica, que responde por aproximadamente 75% da produção nacional. O maior estado produtor é Minas Gerais, responsável por aproximadamente 54% da produção nacional.
A flor do café arábica é hermafrodita, ou seja, possui estruturas feminina e masculina na mesma flor, e na maioria das vezes se autopoliniza antes mesmo de abrir. Entretanto, a planta reserva cerca de 10% a 20% das suas flores, dependendo da variedade, para a polinização cruzada, realizada por agentes polinizadores como as abelhas.
Já no café conilon, para ocorrer a produção de frutos é necessária a presença de plantas com diferentes perfis genéticos na mesma lavoura (clones). Isso porque essa espécie de café é auto-incompatível, ou seja, não ocorre a fecundação entre flores da mesma planta nem entre indivíduos geneticamente iguais. Dessa forma, a polinização cruzada é imprescindível, e a presença de abelhas realizando o transporte dos grãos de pólen da flor de um clone para outro é muito benéfica para a produção.
– Aumenta a produtividade em até 30%;
– Reduz as taxas de abortamento dos frutos;
– Proporciona maturação mais homogênea;
– Reduz a produção de grãos moca;
– Melhora a qualidade de bebida.
O café arábica leva dois anos para completar o ciclo fenológico de frutificação, ao contrário da maioria das plantas, quem completam seu ciclo reprodutivo no mesmo ano fenológico. Nesse sentido, esse ciclo é constituído por seis fases distintas, sendo duas vegetativas e quatro reprodutivas:
– Vegetação e formação de gemas foliares;
– Indução e maturação das gemas florais;
– Florada;
– Frutificação e Granação dos frutos;
– Maturação dos frutos;
– Repouso e senescência dos ramos terciários e quaternários.
No serviço de polinização assistida realizado pela AgroBee, as colmeias de abelhas são instaladas na lavoura durante o estágio de florada principal, período com maior quantidade de flores nos cafeeiros. Após esse estágio, quando as plantas avançam no estágio de frutificação, as colmeias são retiradas da lavoura, e retornam para o apiário de origem.
Desde a safra de 2019/20, a AgroBee já aplicou o serviço de polinização assistida em mais de 100 lavouras de café arábica distribuídas nos estados de SP, MG, GO e BA. Foram mais de 1.500 hectares tratados com a polinização durante esse período. Na média, o benefício observado está em torno de 15% a 20% de aumento de produtividade. Isso pode representar mais de 5 sacas/hectare de benefício graças ao serviço prestado pelas abelhas. Além disso, a polinização assistida auxilia na melhoria da fecundação das flores, e consequentemente na redução da formação dos grãos mocas; e também na qualidade da bebida, tanto por questões fisiológicas dos cafeeiros como também pela melhor homogeneização da maturação dos frutos no momento da colheita.
Como a história do produtor de café estimula a adoção de técnicas ecologicamente responsáveis em todo o setor?
Apesar de ser um setor altamente técnico, os produtores de café, na média, são mais conservadores na adoção de práticas inovadoras. Muitas vezes, a adoção de diversas práticas ocorre “porque o vizinho utilizou”. Então a demonstração de cases, principalmente de produtores conhecidos no setor, pode estimular nos demais a adoção dessas práticas.
A cafeicultura, como as demais áreas do agronegócio, tem buscado por manejos menos agressivos e mais sustentáveis. A difusão do conhecimento da importância dos polinizadores na cadeia produtiva do café pode auxiliar os produtores nessa busca.
Nas fileiras intermináveis de cultivos de café, as fazendas se destacam como um farol de esperança. Com a colaboração da AgroBee e sua abordagem revolucionária da polinização assistida, está sendo traçado um novo caminho para a agricultura: um caminho que prioriza a sustentabilidade, respeita a natureza e colhe os frutos de um
futuro mais verde e fértil.