A mancha foliar de Glomerella, foi registrada pela primeira vez em 1990 no Paraná. Depois desses relatos surgiram outros casos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, principalmente em regiões mais baixas e quentes. Nos últimos anos a doença está disseminada em todas regiões e mesmo que seja considerada uma doença de verão, ocorrendo em janeiro e fevereiro, hoje já acontece em outubro.
O principal dano é uma desfolha precoce até em torno de 75%. A planta da macieira é perene e precisa de reservas. Quando acontece uma desfolha precoce há uma perda de carboidratos necessários para uma boa produtividade no ano e na safra seguinte e bagunça o ciclo fisiológico da planta. Também causa lesões nos frutos que desclassificam eles na indústria, perdendo valor comercial.
A doença é causada pelo fungo Colletotrichum. São três complexos deste fungo que envolvem diversas espécies. Essa característica é uma das dificultadoras no manejo contra a mancha foliar de Glomerella. O pesquisador da Epagri, Leonardo Araujo, destaca que em cada região produtora atua um tipo de fungo e eles têm diferentes níveis de sensibilidade aos químicos. “Usa-se fungicidas protetores e o problema é que as folhas que crescem depois ou as mais altas podem ser portas de entrada. Atualmente a doença é um desafio. O fungo é dependente de água então chuva e umidade favorecem a doença. Temos variedades suscetíveis, clima favorável, poucos fungicidas disponíveis e muitas variedades de fungo”, aponta.
Uma das principais dificuldades de controle é que a maioria dos pomares (60%) hoje é da variedade gala, muito suscetível à doença. Os produtores que têm a presença da doença devem adotar manejo cultural e químico. O pesquisador explica que no cultural deve se ter atenção à destruição de folhas, ramos com cancros e frutos podres porque o fungo pode estar em várias partes, sobrevivendo até em condições desfavoráveis.
Na proteção química o principal são os fungicidas protetores, não eficientes quando há infestação alta. Dois projetos são desenvolvidos pela Epagri para buscar melhorar esse controle químico. A primeira é o uso de um indutor de resistência no controle onde são testados todos produtos alternativos aos fungicidas. Eles incluem espécies de vacinas na planta antes da infestação pelo fungo e também são usados biológicos como bioestimulantes e fertilizantes foliares. No segundo projeto a intenção é avaliar a sensibilidade dos fungicidas atuais e que o produtor saiba usar equações para sabe quantas folhas foram afetadas depois de cada chuva e temperatura.
Por: AGROLINK –Eliza Maliszewski