Se a ideia do produtor é cultivar uma planta que ofereça múltiplas fontes de renda, o butiazeiro é a escolha certa. Palmeira ornamental excelente para embelezar jardins de residências, condomínios, propriedades rurais e espaços públicos, como parques e praças, produz frutos que têm uso diversificado e possui folhas longas que podem ser aproveitadas para a elaboração de artesanatos, como bolsas, chapéus, cestas e luminárias.
Além disso, o butiazeiro é muito fácil de plantar em qualquer região do país. Não precisa de podas nem de adubação para crescer. Resistente a geadas e secas prolongadas, a palmeira necessita apenas que seja plantada em local a pleno sol. Seu desenvolvimento, no entanto, é lento, exigindo paciência para aguardar de seis a 15 anos para o início da primeira produção de butiás. Daí em diante, segue produzindo ao longo de centenas de anos, pois a planta tem capacidade para viver mais de dois séculos gerando frutos.
Butiazeiro (Foto: Marcelo Curia/Ed. Globo)
Conhecido também como butiá-do-cerrado, coquinho-azedo, coquinho-do-abacaxi ou coco-vassoura, o butiazeiro pode ser plantado até em vaso, embora isso seja possível somente nos primeiros anos de cultivo, já que se trata de uma palmeira que precisa de volume de solo para se desenvolver. Cada uma de suas 21 espécies botânicas existentes tem características próprias, sendo algumas com altura que vai além de 20 metros, enquanto outras não ultrapassam 1 metro.
No butiazeiro, também são variados os tamanhos dos cachos e dos frutos, que podem ser mais doces ou mais ácidos, com pouca ou bastante quantidade de fibras. Quando maduros, ainda apresentam diversos tons de cores: esbranquiçado, amarelo, alaranjado, rosado, avermelhado, cor de vinho, esverdeado e marrom. Aves, pequenos mamíferos e abelhas estão entre os animais que apreciam comer butiás e ajudam a disseminar a planta, que está ameaçada de extinção.
Saborosos, os frutos do butiazeiro podem ser consumidos in natura e usados na preparação de alimentos e bebidas. Ricos em vitamina C, potássio e carotenoides, são ótimos para fazer sucos, licores, cachaças artesanais, sorvetes, mousses, geleias e bolos, além de servirem de ingrediente de tortas, doces e bombons. Em pratos salgados, o butiá vai bem em molhos para carnes vermelhas e frutos do mar e como recheio de pastéis e crepes, misturado com carne, frango e queijo.
Associado à cultura regional, o butiá tem no sul do país um importante mercado consumidor, sendo cada vez mais difundido e valorizado na elaboração de receitas locais. Originário do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, a palmeira evoluiu por muitos anos em solo brasileiro, favorecendo sua adaptação às condições de solo e clima, sobretudo dos biomas Pampa, Mata Atlântica e Cerrado. Registros arqueológicos indicam que o consumo do butiá ocorria há mais de 8 mil anos.
RAIO-X
Solo: pode ser arenoso, pedregoso e argiloso, desde que bem drenado
Clima: tolera geadas e secas prolongadas
Área Mínima: pode ser plantado em vaso nos primeiros anos
Colheita: após 6 anosde iniciado o plantio
Custo: o preço da muda varia de R$ 10 a R$ 25, de acordo com o tamanho
Mãos à obra
Início: A propagação é realizada, exclusivamente, por meio das sementes, que ficam dentro dos coquinhos, os quais podem ser adquiridos em feiras de rua, bancas de mercados municipais e comércio de agricultura familiar. Podem também ser compradas mudas prontas em jardins botânicos, viveiristas, lojas de paisagismo e outros estabelecimentos do ramo. A aquisição de butiazeiros em estágio adiantado de desenvolvimento é uma opção para chegar mais rápido à primeira produção.
Muda: Se faz a partir da retirada dos coquinhos que ficam envolvidos pela polpa do butiá. Reserve-os por uma a duas semanas, até ficarem secos completamente. Em seguida, coloque-os no congelador por mais uma semana, para que a baixa temperatura promova a germinação dos coquinhos. A partir daí, já podem ser destinados para o plantio. Porém, para assegurar que as amêndoas existentes dentro do coquinho não estejam danificadas, a dica é extraí-las e plantá-las cada uma em recipientes pequenos – vaso ou saco plástico com furo –, com três partes de areia e uma de adubo orgânico. Abra com o dedo um espaço de 2 centímetros, molhe um pouco e acomode a semente. Mantenha o vaso em local iluminado e o substrato úmido, sem encharcá-lo. Em quatro meses, com uma folha de 10 centímetros, transfira a planta para um recipiente maior. Leve para o terreno aberto apenas quando as folhas crescerem bastante e começarem a abrir.
Ambiente: Nativo do Brasil, o butiazeiro tem boa adaptação ao clima do país, sendo que suporta as temperaturas mais frias da Região Sul e as mais quentes que predominam no Centro-Oeste e Nordeste. Para a produção de frutos, é necessário que a planta esteja em local onde há incidência de raios solares durante o dia inteiro.
Plantio: Sem necessidade de muitos nutrientes e fertilização, a palmeira tem espécies adaptadas a terrenos arenosos, pedregosos e argilosos. A única restrição do butiazeiro é quanto aos solos permanentemente alagados, os quais não tolera.
Espaçamento: Recomendado é de, no mínimo, 4 metros entre plantas. As covas, por sua vez, devem ser fundas o suficiente para acomodar as raízes da muda. Também é importante lembrar de não cobrir, com o substrato utilizado, a parte arredondada da base das folhas, para evitar seu apodrecimento.
Cuidados: Evite realizar poda, já que a planta não precisa. O corte pode ser uma porta de entrada para doenças que prejudicam a palmeira, podendo inclusive matá-las. Não esqueça de regar bem o butiazeiro após o plantio, prática que deve ser repetida a cada 20 dias, caso não ocorram chuvas no período.
Produção: A colheita de frutos com boa qualidade depende da polinização entre plantas diferentes feita por insetos, apesar de cada butiazeiro contar com flores masculinas e femininas. As inflorescências surgem na primavera, com muitas flores pequenas, que atraem principalmente abelhas para realizar a polinização. Da fecundação nascem frutos com polpa carnosa e fibrosa, contendo de uma a três sementes.