15/09/2011 – Embrapa Mandioca e Fruticultura
As variedades foram desenvolvidas a partir de outras que estão conservadas no próprio banco de germoplasma de abacaxi da Unidade, que tem mais de 600 acessos e uma enorme riqueza e variabilidade genética da espécie. “Dentre as variedades silvestres, que não são comestíveis, muitas possuem frutos pequenos, hastes retorcidas e cores variadas, características muito interessantes que podem ser melhor exploradas como ornamentais. A partir de um criterioso trabalho realizado com esta coleção, foi possível identificar e melhorar materiais com potencial para usos diversos no segmento de flores”, explica Fernanda Vidigal, pesquisadora responsável pelo trabalho que vem sendo realizado nos últimos nove anos.
As variedades abrem um novo nicho de mercado para agricultores familiares e para produtores de maior porte, incluindo exportadores. Comercializado na Europa há pelo menos uma década, o abacaxi ornamental tem mercado inexpressivo no Brasil e apenas duas variedades são conhecidas: Ananas comosus var. bracteatus e var. erectifolius.
Tipos de uso
As variedades desenvolvidas pela Embrapa atendem a todos os tipos de usos de abacaxi ornamental: vasos, hastes florais, paisagismo (jardins) e folhagens de corte. Para serem usados como hastes florais, os abacaxis precisam ter hastes longas, frutos pequenos e uma relação coroa/fruto bem equilibrada. Para o mercado externo, estas hastes devem ter no mínimo 40 cm e ser retas. Já em testes realizados com consumidores e floristas brasileiros se observou que o gosto do brasileiro é diferente. “Nossos floristas apreciam hastes sinuosas, que conferem mais movimentos aos arranjos florais”, afirma Fernanda. Para a comercialização em vaso, as plantas devem ser compactas, com folhas e hastes curtas e frutos pequenos. “Já o uso no paisagismo é livre, mas algumas plantas de porte grande se prestam bem para grandes espaços. As folhas, por sua vez, são excelentes na composição de arranjos e chegam a durar mais de 30 dias em esponjas florais”, salienta.
Parcerias
Para validar o trabalho, a pesquisadora firmou parcerias com colaboradores que conhecem o mercado e o produto, a exemplo da ABX Tropical Flowers for Export (RN), que já exporta abacaxis ornamentais, e da TopPlant/BioClone (CE), que vem trabalhando em um sistema para vasos, contando com o apoio da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE). Outra parceria interessante é com a Fundação José Carvalho (BA), cuja missão social é apoiar comunidades rurais por meio de uma associação de pequenos produtores. “Essas parcerias tem feito toda a diferença no nosso trabalho”, declara Fernanda.
Na ABX Tropical Flowers for Export, o espaço ocupado pelas espécies da parceria com a Embrapa é de três mil metros quadrados. O mercado externo é grande consumidor de flores de corte e o abacaxi ornamental tem uma posição já consolidada, pois mesmo com as crises, a quantidade consumida não sofreu grandes alterações. Novas espécies são muito bem aceitas pelos europeus e o mercado de flores é movimentado exatamente pelo lançamento frequente de novidades, como por exemplo novas variedades de rosas, cravos etc. Estava faltando o lançamento, através de pesquisa séria, de novidades também na área de abacaxis ornamentais, diz o diretor Antonio Carlos Prado, da ABX.
Roberto Caracas, da TopPlant/Bioclone, instalou os experimentos numa estufa de mil metros quadrados. “Foi um trabalho bem interessante porque era tudo muito novo para nós, como adaptar o material para vaso. Estamos reservando uma parcela considerável da nossa área apostando no ineditismo e na beleza das variedades. Pela nossa experiência, temos certeza de uma boa aceitação. A participação na Frutal servirá de teste para sentir a reação do público”, afirma.
As parcerias buscam objetivos diferenciados: a exportação de hastes, o mercado interno para vasos e o pequeno produtor, deixando claro o uso diversificado dos abacaxis ornamentais, para quem consome e para quem produz. A finalização dos produtos e os ajustes finais nos sistemas de produção estão sendo realizados em conjunto.
Jornalista:Léa Cunha